04 Abril, 2025
As marcas sensoriais têm vindo a ganhar cada vez mais importância no mundo da Propriedade Intelectual (PI). Constituem uma ferramenta poderosa para criar uma identidade única e memorável para produtos e serviços, especialmente ao focar em estímulos sensoriais, como sons, cheiros, texturas e até sabores.
Mas, o que são exatamente e como é que a PI pode proteger estes ativos intangíveis? Neste artigo, vamos explorar este conceito inovador e perceber de que forma está a moldar o futuro da PI e da experiência do consumidor.
As marcas sensoriais enquadram-se na categoria dos sinais distintivos do comércio. Estas, em específico, apelam a um ou mais dos nossos sentidos, com o objetivo de reforçar a identidade de um produto ou serviço.
Ao contrário das marcas tradicionais, que se baseiam em logótipos ou nomes, estas utilizam estímulos como sons, cheiros, texturas ou até cores específicas para criar uma ligação emocional com o consumidor.
Por exemplo, o som de uma campainha ao abrir uma porta, o cheiro característico de um produto ou a textura de uma embalagem exclusiva são todos exemplos de como as marcas sensoriais podem influenciar a experiência do cliente. Estas marcas são únicas e proporcionam um reconhecimento imediato, contribuindo para a fidelização e a diferenciação no mercado.
A Propriedade Intelectual desempenha um papel fundamental na proteção das marcas sensoriais, garantindo que os criadores de produtos e serviços possam usufruir do direito exclusivo sobre os estímulos sensoriais que possam registar. A proteção da PI neste contexto envolve diversos tipos de registos, sendo o mais comum o registo de marca.
De forma semelhante às marcas tradicionais, as marcas sensoriais podem ser registadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), desde que cumpram determinados critérios. Para que uma marca sensorial seja registada, precisa ser distintiva, ou seja, deve ser capaz de identificar um produto ou serviço de forma única, sem causar confusão no mercado.
O som de uma marca pode ser registado como uma marca sensorial, desde que seja original e associável a um produto ou serviço específico. Um exemplo famoso é o toque característico de uma aplicação móvel ou o som inicial de uma plataforma de streaming.
Embora o registo de marcas olfativas seja um processo mais complexo, algumas fragrâncias podem ser registadas se forem distintivas e se cumprirem requisitos legais, como a descrição detalhada do cheiro.
As texturas de produtos ou embalagens também podem ser registadas, criando uma identidade sensorial que seja reconhecível pelo consumidor, ao toque.
À medida que o mercado se torna cada vez mais competitivo e as marcas procuram novas formas de se destacar, as marcas sensoriais emergem como uma ferramenta inovadora. O foco em estímulos sensoriais oferece uma experiência imersiva e emocional, que vai além do simples produto ou serviço, criando uma ligação direta com o consumidor.
Para as empresas, a proteção das suas marcas sensoriais através da PI não só assegura um diferencial competitivo, mas também ajuda a manter a exclusividade sobre experiências únicas que podem ser decisivas para a escolha do consumidor.
Pode dizer-se que as marcas sensoriais são o futuro, no que diz respeito à diferenciação e à criação de uma identidade forte e memorável. Através da proteção de estímulos como sons, cheiros ou texturas, as marcas conseguirão estabelecer, cada vez mais, uma ligação emocional com os seus clientes. E isto garantirá uma posição única, num mercado saturado.
A Propriedade Intelectual desempenha um papel essencial na proteção destas inovações sensoriais e, à medida que o mundo das marcas evolui, espera-se que as marcas sensoriais se tornem uma ferramenta cada vez mais popular no branding dos negócios.
